quarta-feira, 30 de abril de 2014

Postou-se à frente do Desconhecido

Caminhou até a janela
Ergueu a guilhotina
Olhou para fora e depois voltou-se

- Ainda não sei ao certo o que fazer com você. Preciso estabelecer uns contatos...Ruiva tome conta dele. Dispam-se, amem-se, deitem-se,  divirtam-se que a noite está próxima do fim.

Olhou o relógio
Quase quatro
O homem ergueu mais uma vez
A cabeça apontou no vão da porta

- E se nosso homem foi embora? Mas o que importa?! Ele vai voltar ...Não será sua última noite.

Num gesto rápido
Meteu no bolso do desconhecido um lenço manchado de sangue
Puxando o outro para junto da porta

- Tome cuidado. O impulso pode repetir-se.

Não era primavera em que dizia aquelas palavras
Erguia o esqueiro de um lado,
Procurando

- A chave da luz está do outro lado...

O homem da flor não demorou em achar. Um clarão o iluminou...Todos reunidos sob a lâmpada nua no teto. Parado no quarto ouviu o trinco da porta, depois o rumor nos passos do corredor, nos degraus. Passou o dedo no rosto. Caminhou até o espelho da pia hesitante. Fez meia-volta e  sentou-se pesadamente na cadeira da sala.



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